domingo, 2 de junho de 2013

Por Valesca Menezes...





 Dona Dasdores

A UM AUSENTE

Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.

Antecipaste a hora.
Teu ponteiro enlouqueceu, enlouquecendo nossas horas.
Que poderias ter feito de mais grave
do que o ato sem continuação, o ato em si,
o ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?

Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.

Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste.

Carlos Drummond de Andrade

 Nota:

Tenho muita saudade, e agradeço a Deus por ter desfrutado de sua companhia com muita alegria, fé, harmonia e esperança, e claro, tenho certeza que fui um dos seus prediletos, seus beijos, abraços e conselhos sempre me afirmavam isso.

Um comentário:

  1. Sabemos sim Junior o quanto a companhia dela era magnifica,e vc foi mesmo previlegiado , ela te queria muito bem mesmo,adorava quando vc chegava,e já ia buscar aquela rede,lembra?rsrsrsrs,era muito bom nossos domingos.Saudades,obrigada por lembra dela.

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