A véspera do lançamento foi marcada por clima tenso com um dos maiores aliados, o PMDB; discursos ressaltaram importância da coalizão.
Por: Elaine Vládia
Sem o emocionalismo que caracterizou a corrida de Lula ao Palácio do Planalto, o PT lançou neste sábado (20) a pré-candidatura da ministra Dilma Roussef à presidência da República. Nem mesmo o jingle “Dilma Lá”, relembrando o “Lula lá”, mudou o tom objetivo bem característico da petista. Com discurso firme e pautado principalmente por dados e históricos, a candidata disse que queria fazer o terceiro mandato "democrático e popular" do PT e conclamou o povo brasileiro a ajudá-la nesta missão.
Dilma concluiu o discurso dizendo: “Sei que não estou sozinha, a tarefa de continuar mudando o Brasil é uma tarefa de todos nós. Vamos continuar mudando o Brasil”. A candidata disse que aceitava a "honrosa missão" que os petistas a estavam delegando, com tranqüilidade, coragem e determinação.
A candidata ressaltou ainda o jeito petista de administrar o país e principais cidades e estados, fazendo grandes gestões. “O PT mudou quando foi preciso, mas nunca mudou de lado”, frisou. E ressaltou ainda a coerência do líder petista, Luis Inácio Lula da Silva, que "não tentou mudar a legislação brasileira para tentar permanecer no poder", concorrendo a um terceiro mandato.
Segundo Dilma, mudar a legislação seria mudar as regras do jogo no meio da partida, algo que o seu partido não compactua. “Como todos podem ver, temos um extraordinário alicerce, uma herança bendita, com o qual pretendemos construir o terceiro governo democrático e popular”, disse. A ministra garantiu ainda que, eleita, o Brasil não terá retrocesso, nem aventuras. “Podemos, sim, avançar e fazer mais, muito mais e rapidamente”, ressaltou.
Tensão
Outro ponto que marcou a solenidade de lançamento da candidatura petista foi o mal estar do dia anterior com um de seus maiores aliados, o PMDB. Lula precisou amenizar os ânimos na noite da sexta (19), em uma reunião que passou da meia-noite, onde teve que prometer ao partido uma série de compromissos do PT. Dessa maneira, o presidente peemedebista, Michel Temer, que é o mais cotado para ser o candidato a vice de Dilma, recuou da intenção de faltar à convenção.
Com isso, o evento também foi marcado por respostas aos anseios dos aliados, especialmente o PMDB. O discurso de Lula enfatizou a importância dos partidos da coalizão, mesmo deixando claro que o importante é fazer a ministra presidente da República. Segundo frisou, os interesses políticos nas regiões não podem atrapalhar o interesse maior da nação. Lula deixa evidente que na hora que tiver que se posicionar, o PT levará em conta a candidatura de Dilma e não os interesses políticos menores, os regionais.
Lula disse que eleger Dilma não é uma coisa secundária em sua vida. O presidente garantiu que se trata de uma prioridade e apelou para a população votar na candidata petista. "Não existe hoje no país ninguém mais preparado para governar o Brasil do que a nossa companheira Dilma Roussef", falou.
Além de Lula, os petistas também atenderam à exigência do PMDB de ressaltar a importância dos partidos aliados, através da própria candidata à presidência, ministra Dilma Roussef. “Participo de um governo de coalizão e quero formar um governo de coalizão. Eu estou consciente da extraordinária força que conduziu Lula à presidência e que deu ao nosso governo o maior respaldo do nosso país, que é a força do povo brasileiro, que nos conduziu até aqui”, declarou.
A declaração de Dilma provocou manifestações positivas dos peemedebistas. Logo em seguida, o líder do PMDB na Câmara Federal, deputado potiguar Henrique Alves, postava em seu Twitter: Dilma deixa claro que precisa do apoio dos aliados para governar!
Entenda
O maior aliado dos petistas ameaçava não participar do evento deste sábado evidenciando o estremecimento entre as legendas, fato potencializado após as últimas demonstrações dos petistas de apoiarem candidatos de outros partidos, que não o PMDB, nas eleições de estados, como Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Bahia.
Os ânimos foram acalmados somente no final da noite passada, quando o presidente Lula teve que ceder as pressões do partido aliado e prometer uma série de reivindicações. Terminou perto da meia-noite uma reunião de emergência convocada por Lula, no Palácio da Alvorada.
Lula assegurou a Temer que zelaria para que o PMDB seja contemplado em suas reivindicações. O presidente disse que vai tentar produzir acordos que acomodem PMDB e PT num mesmo palanque nos Estados em que ainda vigora o dissenso.
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