segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Discurso de Posse de Martins Filho no Senado Federal

Em outubro de 1980, a exatamente 29 anos, Umarizal teria seu nome ecoado com grande emoção no plenário do Senado Federal por um ilustre filho, o então empossado Senador da República José de Souza Martins Filho.

Martins Filho, ou simplesmente o nosso Zezito, fez um discurso voltado principalmente para os cooperativistas, mas, sem esquecer das inúmeras outras atividades nesse imenso Brasil que necessitaria de sua atenção.

Com muito respeito e grande admiração a esse homem de identidade pública e de grandes marcos deixados na vida e na história dos seus conterrâneos umarizalenses, publico com grande felicidade o seu discurso de posse no Senado Federal.


Discurso de Posse



- Sr. Presidente e Srs. Senadores:

Chego a esta Casa conduzindo os melhores propósitos de servir ao meu povo, ao meu Estado e ao Brasil.

Candidato nas eleições de 1978, recebi os sufrágios de parcela significativa dos norte-rio-grandenses, posicionando-se como primeiro suplente do Senador Jessé Pinto Freire, eleito naquela oportunidade.

Com a prematura morte daquele ilustre homem público, fui convocado para substituí-lo nesta Casa.

Chego absolutamente cônscio das responsabilidades que me são atribuídas. Tomo assento nesta Casa em circunstâncias imprevisíveis e não desejadas.

Mas se o Grande Arquiteto do Universo assim designou, resta a mim e a todos nós aceitarmos a sua vontade.

Homem do interior, nascido no bravo sertão nordestino, tive sempre como companheira inseparável a humildade, que, como antes, será também uma constante nesta nova etapa da minha existência política.

Filho de Agricultor de uma pequena cidade do interior norte-rio-grandense, chego ao Senado reafirmando o meu passado e as minhas origens – tão humildes é verdade – e até por isso tão amadas.

Venho despojado de qualquer sentimento de vaidade que normalmente tenta o coração humano, em situações como está.

Venho, repito, como nordestino, amando a terra que nos ensina a ser corajosos na adversidade e humildes na construção dos grandes empreendimentos.

Sei que em torno de mim foram geradas expectativas não apenas desta Casa, a qual servirei com autenticidade e lealdade, mas também do povo norte-rio-grandense que sufragou o meu nome nas urnas, e que a partir de agora represento nas suas aspirações, nos seus sonhos e nas suas lutas.

O novo Senador que vos fala, como homem público, conduz consigo compromissos, crenças, lutas e desafios; tem consciências da sua responsabilidade e do seu papel no momento histórico da Nação brasileira: crê nos propósitos do Presidente João Figueiredo de restaurar a plenitude democrática do nosso País, tanto quanto o Presidente entende que a democracia é um instrumento de paz, de justiça social e de desenvolvimento. Estarei ao seu lado na procura de meta tão almejada como condição capaz de promover o bem-estar de todos os brasileiros.

Sou um homem, desde as origens, ligado ao setor primário da economia. Durante a minha existência, tenho convivido sempre com o homem do campo. Trago como bandeira – sem esquecer outras aspirações do nosso povo – o cooperativismo e a defesa do pequeno agricultor; este brasileiro nascido no esquecimento do campo para se construir, em futuro próximo, no grande e mais valioso fator de desenvolvimento.

Ao cooperativismo dedicarei especial atenção. Na tarefa árdua de contribuir para a construção dos destinos do meu povo, descobri que, na medida em que consegui agregá-lo, somando esforços, aglutinando-o em torno de um resultado coletivo, mais sentia o seu valor, a sua capacidade de produzir e a sua realização pelo trabalho desenvolvido.

Sempre fui um cooperativista. Continuarei a sê-lo nesta Casa. Defenderei, com os novos instrumentos postos à minha disposição, a filosofia do cooperativismo. Lutarei obstinadamente para que os seus princípios possam chegar a todos os rincões deste imenso Brasil. Darei as mãos aos companheiros de todos os Estados da Federação para, juntos, realizarmos os sonhos de todos nós.

Esta é a disposição do Senador que hoje assume. Nesta Casa procurarei ser um aluno atento daqueles que, habitualmente ao trato dos problemas nacionais, poderão ensinar-me o melhor caminho para transformar o meu mandato num poderoso e consistente instrumento na defesa dos princípios que sempre nortearam a minha vida e se traduziram na luta em favor dos mais humildes e desassistidos.

De mim, Sr. Presidente e Srs. Senadores, sempre receberão a lealdade. A minha linguagem será aquela que aprendi com o meu povo. Simples, direta, sincera e sem maiores rodeios.

Caminharei junto com o meu partido, lembrando porém que jamais ultrapassarei, em qualquer circunstâncias, a fronteira de minha consciência.

Antes, porém, de encerrar esta breve alocução, me seja permitida uma evocação sentimental. Nesta hora de tão grande emoção, desejo dizer quanto me é grata a lembrança do povo oestano do meu Estado, e por que não dizer da minha sempre presente cidade de Umarizal, um pequeno ponto neste imenso País, mas tão cara e querida para mim.

Desejo por fim, fazer dos meus gestos e palavras algo que possa engrandecer esta Casa. E, tenho certeza, ela se engrandecerá se Deus me conceder a coragem e a sabedoria para com o meu mandato possa continuar a exercer a legitima aspiração de defesa do povo brasileiro.

Por último, eu vos saúdo a todos, Srs. Senadores, e vos transmito a certeza de que desejo apenas ser uma parcela que se somará a este grande universo de fé e de crença no futuro deste País.

Agradeço especialmente aos Senadores que me saudaram nesta hora de emoção e compromisso.



Este e outros discursos de Martins Filho no Senado, estão impressos no livro “Um Cooperativista no Parlamento”, de setembro de 1984, que faz parte do acervo da Biblioteca Municipal, no Centro Administrativo.

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